MANTENDO A EXCELÊNCIA NOS GRANDES NOMES, O CIRCUITO BANESCARD DE TEATRO TRAZ RENATA SORRAH COM O ESPETÁCULO QUE É PARCERIA DA ATRIZ COM A CIA BRASILEIRA DE TEATRO DE CURITIBA, “KRUM”, UMA DAS PEÇAS MAIS PREMIADAS DOS ÚLTIMOS TEMPOS, NOS DIAS 30 E 31 DE JULHO, NO TEATRO UNIVERSITÁRIO.
O drama encenado pela grande atriz que concluiu mais um trabalho na TV em “A Regra do Jogo”, Renata Sorrah e grande elenco será com preços populares, sendo quarenta reais inteira e vinte reais meia, com incentivo via Lei Rouanet, patrocínio do Banco Banestes e produção da WB Produções.
“O fim está no começo e, no entanto, continua-se”.
As palavras de Beckett descrevem com perfeição o princípio de ‘Krum’, do dramaturgo israelense HanochLevin (1943-1999), encenada pela primeira vez no Brasil pela companhia brasileira de teatro, de Curitiba, sob a direção de Marcio Abreu. A peça estreou em março de 2015 Oi Futuro (Flamengo/RJ) encerrou temporada no Teatro Anchieta do SESC Consolação (SP). E agora viaja em turnê pelo Brasil, que chega no Espírito Santo, em julho de 2016, apresentações nos dias 30 e 31, no Teatro Universitário (Ufes), fazendo parte da 8 edição do Circuito Banescard de Teatro, com projeto lei de incentivo a cultura, através do Ministério da Cultura.
Este é o segundo projeto produzido a partir da parceria entre a atriz Renata Sorrah e a companhia brasileira de teatro, depois do sucesso de ‘Esta criança’ (2012), de JoëlPommerat.
Outros nomes de destaque na cena teatral contemporânea foram convidados para integrar o elenco, como Grace Passô, Inez Viana, Cris Larin e Danilo Grangheia. Edson Rocha, Ranieri Gonzalez, Rodrigo Bolzan e Rodrigo Ferrarini – integrantes e colaboradores da companhia brasileira de teatro em outras produções – nesta montagem inclui toda a equipe de criação da companhia, com Giovana Soar (tradução), Nadja Naira (iluminação e assistência de direção), Fernando Marés (cenografia) além de Felipe Storino (trilha e efeitos sonoros).
O texto foi escrito nos anos 70 por Levin, na época um jovem autor influenciado por Tchekhov e Beckett, em um país recente e mergulhado em conflitos e contradições. Apenas no período de vida do autor, de 1943 a 1999, foram sete guerras. ‘Há em Tchekhov do entretempo, Beckett do pós-guerra, Levin do final do séc XX e nós hoje, algo em comum. Enquanto o mundo turbulento destila suas violências, as pessoas tentam seguir suas vidas, muitas vezes, sem brilho, confinadas em suas casas ou alimentando expectativas, sonhos de consumo, esperança de dias melhores’, analisa Marcio Abreu.
‘Krum’ é uma peça com dois enterros e dois casamentos. Não existem grandes feitos, tudo é ordinário. Entre as duas cerimônias, acontece uma sequência de cenas curtas, o quadro da vida dos habitantes de um bairro remoto. ‘É uma peça sobre pessoas. O que está em jogo é a matéria humana. Habitam o mundo de Krum seres pequenos, sem pudor na palavra, vivendo sob um teto baixo. Há um olhar, ao mesmo tempo, cruel e generoso sobre vidas mínimas ou, como em Tchekhov, sobre o que existe de mínimo no ser humano’, sublinha Marcio.
A peça se inicia com o retorno ao lar do personagem-título, que, depois de perambular pela Europa em busca de experiências e quiçá de aprendizado, volta para casa – na periferia de uma cidade – de mãos vazias. Ao chegar, Krum confessa que não viu nada, que nem mesmo no estrangeiro foi capaz de encontrar o que buscava.
Ao recusar a possibilidade de qualquer transformação existencial e de qualquer escapatória de um mundo onde o céu parece sempre tão baixo, o ar tão pesado e as estruturas sociais tão opressoras, Krum formula uma questão (humana) universal: até que ponto é possível sonhar a mudança? Será que estamos condenados a repetir indefinidamente os mesmos ritos incompreensíveis, a viver uma sucessão interminável de casamentos e funerais que, vistos sem ilusões, não significam nada? Por que continuar? Para que continuar?
Articulada em torno dessas questões, a peça apresenta o reencontro do recém-chegado com os curiosos habitantes de seu mundo: sua mãe, seus amigos, a antiga namorada e os vizinhos. Breves episódios de suas vidas desenrolam-se diante dos espectadores, que são instados a se identificar com a perspectiva distanciada e irônica de Krum.
Ao reler em chave política entre a vulgaridade e o lirismo, esta aparece como uma dialética entre o conformismo e a necessidade de mudança. Sublinhar o lirismo é, em larga medida, afirmar o inconformismo, o poder utópico de o teatro não apenas quebras de que falava Brecht, mas de quebrar também as outras três paredes que o separava da vida social. Assim, o fato de a companhia brasileira de teatro ter decidido monta a peça de um autor israelense como HanochLevin em um momento histórico como o nosso, de acirramento do conflito Israel-Palestina e da explosão dos mais diversos fanatismos, é por si significativo. Se, como diz o próprio Krum a certa altura da peça, “para algumas pessoas a palavra impossível não é uma brincadeira”, para outras, os artistas envolvidos nesta produção, o mais importante é sermos realistas, é demandarmos o impossível.
A companhia brasileira de teatro e Renata Sorrah
A estreia do autor israelense no Brasil é o segundo projeto produzido a partir da bem- sucedida parceria entre a atriz Renata Sorrah e da companhia brasileira de teatro. A primeira foi Esta Criança, do autor francês Joel Pommerat, imenso sucesso de público e crítica que estreou no Rio de Janeiro no fim de 2012 e ainda hoje viaja pelas principais cidades do país.
Em mais de 40 anos de carreira, impactantes atuações em espetáculos, no cinema e na televisão fizeram de Renata, indiscutivelmente, um dos grandes nomes do teatro brasileiro. Ao lado dela, neste projeto, está a premiada companhia brasileira de teatro, fundada há 12 anos, em Curitiba, pelo ator, dramaturgo e diretor Marcio Abreu, considerada pela crítica especializada como uma das mais consistentes do país, responsável por montagens marcantes para a história recente da dramaturgia e da encenação teatral brasileiras. Curiosamente, Renata e a companhia têm em comum, entre outras investigações artísticas, a descoberta de dramaturgos contemporâneos, inéditos no Brasil, a exemplos do siberiano Ivan Viripaev (Oxigênio) e de Jean-Luc Lagarce (Apenas o Fim do Mundo), dirigidos por Marcio Abreu na companhia e dos autores Botho Strauss (Grande e Pequeno, 1985) e do norueguês Jon Fosse (Um dia, no verão, 2007), trazidos em espetáculos produzidos por Renata Sorrah – que também atuou nas antológicas montagens do alemão Rainer Werner Fassbinder (Afinal…Uma mulher de negócios, 1977) e As lágrimas de Petra Von Kant, 1982).
SERVIÇO:
8 EDIÇÃO DO CIRCUITO BANESCARD DE TEATRO, com a peça:
KRUM – com Renata Sorrah e Grande elenco
30 e 31 de julho
Autor: Hanoch Levin
Direção: Marcio Abreu
Local: Teatro Universitário – UFES
Endereço: Av. Fernando Ferrari, 514 – Campus da UFES – Goiabeiras.
Horários: Sábado, às 21 horas / domingo, às 18 horas
Informações: UFES: 27 3335 2953 / WB 27 3029 2765
Ingressos:
Todos setores: R$ 40,00 (inteira) e R$20,00 (meia)*
*Válido de acordo com a lei local. Os clientes Banescard terão 50% de desconto em cima do valor da inteira, em até 2 ingressos por cliente
Horário de funcionamento bilheteria: de terça a sexta, de 15h às 20h.
Classificação: 16 anos
Duração do espetáculo: 110 minutos
Gênero: drama
Capacidade do teatro: 615 lugares